terça-feira, 7 de julho de 2009

O gordo e os gays

"Não sei se o apresentador Fausto Silva, o “Faustão”, foi sempre obeso. Não me preocupei em fazer pesquisa no Google nem na Wikipedia sobre ele (nem sei o que encontraria além da biografia oficial). Se Faustão foi uma criança obesa, provavelmente deve ter sentido o peso do preconceito que essas crianças ainda hoje sofrem. Mesmo quando a obesidade infantil não era tratada como doença e distúrbio, o "gordinho da escola" já era enxovalhado pelos colegas, tratado como "engraçadinho" e "fofinho" pelas meninas (mas com poucas chances de arrumar uma namorada) e estava na fila dos últimos a serem escolhidos para os times de Educação Física.

Entre os últimos, mas nunca sozinho: ao seu lado, lá estava o garoto franzino de óculos – o "CDF", a quem só restava ser ótimo aluno para ter qualquer tipo de visibilidade (o que acabava reforçando o estereótipo e isolando-o ainda mais). E, se nenhum dos dois fosse gay em fase de descoberta, provavelmente haveria um nesse grupo também. A sociedade é cruel com seus "diferentes" e as crianças e adolescentes aprendem rapidamente a reproduzir o preconceito e a discriminação. Talvez essa tenha sempre sido uma das lições mais fáceis de se aprender na escola: repetida arduamente todos os dias, por colegas, professores, inspetores, secretárias e agentes de serviços gerais, acaba se incrustando na mente e no comportamento das crianças, à guisa de "normalidade". Esse, aliás, é o grande problema dos estereótipos: suas vítimas são coagidas pela sociedade de tal forma que acabam vendo-se obrigadas a reforçá-los ainda mais, repetindo um ciclo.

Não sei se ele foi discriminado na infância, ou se teve a sorte dúbia de ter sido um "gordo feliz" – como são chamados aqueles que se fazem de engraçados e simpáticos, que são a "alegria da festa" e, por isso, são mais facilmente tolerados, mas nem por isso são mais felizes de verdade. Esse, afinal, tem sido o papel social do homem obeso – ser simpático e engraçado, preferencialmente fazendo graça com a própria obesidade (e, por sinal, também é um dos principais papéis sociais do gay, na busca da aceitação..."

Este texto foi retirado do blog "O Cabideiro", quem quiser ler o texto completo é só acessar http://ocabideiro.blogspot.com/2009/07/o-gordo-e-os-gays.html

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