quinta-feira, 16 de julho de 2009

Professores Municipais em paralisação quarta, quinta e sexta-feira.

Ao ver uma notícia no jornal de greve ou paralisação de professores, você já pensou: "- Que povo desocupado, faz greve por tudo", ou "- Eles não pensam nos alunos, só no bolso deles", ou ainda "- Tanta gente desempregada, o que eles querem?". Já? Seja sincero! Pois é, não se sinta a pior pessoa do mundo, por que essa é a visão passada nos jornais.
Bem, eu sou professor do município e peço licença para dar a minha versão dos fatos.
A cidade de Feira de Santana possui em média quase 600.000 habitantes, portanto podemos imaginar o número de pessoas em idade escolar (regular). O número de professores deve acompanhar esta progressão. O problema está nos editais de concurso, onde, por uma decisão baseada não sabemos em quê, nossa cidade é uma das únicas que não faz separação de áreas, para inscrição dos professores. Quem tem magistério, quem é formado em história, física, biologia, português, e nas outras graduações, transformam-se em um único 'bolo'. A função do edital é a mesma para todos 'PROFESSOR - NÍVEL I', ou seja quem passar no processo de seleção será oficialmente professor do 1º ao 5º ano do ensino fundamental (antiga alfabetização + da 1ª à 4ª série), durante os três anos do estágio probatório. Digo, oficialmente, porque quem tiver SORTE encontrará uma vaga da sua disciplina e assumirá a função, quem não tiver será obrigatóriamente convidado a assumir uma sala do fundamental I. E mais, TODOS (inclusive quem, no bolo, tiver mestrado, e aqueles que conseguiram assumir aulas da sua disciplina) receberão o salário de quem só tem magistério. Hoje recebemos líquido de R$ 469,62 (alguém lembra quanto é o salário mínimo?).
Tudo isso já seria suficiente para paralisações, mas a estrutura física escolar é degradante. Muros baixos, salas escuras, sem recursos, problemas hidraúlicos, e elétricos, poucas salas, escola sem pintura... Será que os governantes são donos de escolas particulares? Não consigo ver outra explicação para tanto sucateamento.
Dentre outros tantos problemas relato, ainda, a falta de segurança. Como se não bastasse a falta de recursos, aquilo que se tem é facilmente furtado, pois as escolas municipais não dispõem de condições mínimas de segurança.
Após eu ter desabafado, fiquem à vontade para mudar o discurso, ou quem sabe até mantê-lo, mas tendo consciência dos porquês de uma paralisação.
Obs: Pra piorar temos um sindicato que não nos contempla (é o mesmo grupo em 20 anos). É pra rir, né?
Leandro Menezes

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